quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cegos

Há cegos que querem ver,

“Senhor, que eu veja!”

E há cegos que não querem ver.

“Têm olhos e não vêem!”

Quem é cego?

E por causa duma certa cegueira

há pobres

que continuam às margens da estrada,

seres humanos feridos

pela pobreza,

machucados pela violência,

crucificados pela injustiça,

esquecidos pela doença,

simplesmente esquecidos

pela indiferença,

privados

dos mais elementares direitos.

Não somo todos “filhos da Luz

e filhos do Dia”,

do Reino da liberdade,

do amor e da paz e da harmonia,

do reino da fraternidade?

Talvez, já perdemos a visão

ou o secreto da contemplação.

E não temos mais a força

de implorar : Senhor, quero ver?

Ficamos escondidos

na sombra,

na ambigüidade de nossa rotina,

na noite de nossa cegueira,

sem perceber,

sem olhar,

sem ouvir,

sem falar

numa surda atitude inativa,

absurda.

Mas há Alguém que passa e nos diz:

O que queres que te faça?

Se admitíssemos nossa cegueira

e gritássemos do profundo da alma

nosso desejo de ver,

ouviríamos,

calma e segura e serena,

a voz de Jesus:

Quero que vejas!

E seguiríamos todos radiantes

a Luz.


Frei Pierino Orlandini


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