terça-feira, 14 de junho de 2011

SIMPLES ORAÇÃO VOCAL


Simples oração vocal
“ Oh, oração de cada dia, pobre, comum, despretensiosa e solitária, como o dia mesmo!
Raras vezes saem de ti altos pensamentos e afetos elevados. Não és sublime sinfonia em majestosas catedrais, mas um canto misericordioso, que sai do coração necessitado, executado com a maior vontade, mas sempre algo simples e monótono.
No entanto tu és a oração da fidelidade e da confiante certeza; a oração do serviço desinteressado e gratuito à Divina Majestade . Tu és a sagrada unção que dás luz e grandeza às horas pálidas e aos momentos perdidos. Humilde, tu não desejas experimentar, mas crer. O teu passo é muitas vezes cansado, porque caminhas. Pode parecer, algumas vezes, que és expressão, fruto somente dos lábios.
Mas....não é melhor que, pelo menos, os lábios bendigam Deus, do que esteja mudo todo homem? E... não há mais esperança que encontre um eco no coração o que se manifesta pelos lábios, do que todo homem permanecer mudo?
Em nossos tempos, pobres de oração, o que chamamos geralmente “oração vocal”é, na realidade, a maior parte das vezes, a oração de um coração pobre, mas fiel, que laboriosamente, honradamente, por meio de sua debilidade, cansaço e aborrecimento, abre uma pequena fresta e assim, através dela, penetra um tênue raio de luz eterna, que cairá sobre nosso coração, sepultado, às vezes, na rotina do cotidiano”
(Karl Rahner, texto traduzido e modificado por Frei Pierino).
“ Não deixemos de rezar. Comportemo-nos como o semeador. Chegará o tempo justo para a colheita” (S. Agostinho)
Que toda a palavra nasça da ação e da meditação. Sem ação ou tendências à ação, ela será apenas teoria que se juntará ao excesso de teorias, que está levando os jovens ao desespero. Se ela é apenas ação, sem meditação, acabará no ativismo sem fundamento, sem conteúdo, sem força. Prestes honra ao Verbo Eterno, servindo-te da palavra, de forma a recriar o mundo” (Helder Câmara).

domingo, 12 de junho de 2011

Vem, Espírito de Amor!

Vem, ó Santo Espírito!
Tão só estou,
prisioneiro do meu silêncio.
E esse nada seguro silêncio,
meu ilusório, passageiro refúgio
tranca-me em mim mesmo,
impermeável
ao teu sopro vivificante
e as tentativas de união,
que partem de Ti
através dos irmãos.
É desencontro completo.
Meu silêncio,
de repente,
bate de frente e evita o encontro
do OUTRO nos outros
e faz aliança com minha vontade rebelde.
Faze que eu acolha todas as cruzes,
mesmo pesadas,
e todos os “cristos” que encontro.
Alguns “cristos” que encontro
são estranhos!
E daí?
Eu também sou estranho e pesado,
às vezes,
até para mim mesmo.
Vem, ó Espírito Santo!
Vem, ó Ventania-Espírito!
Derruba com força as barreiras,
afasta os fantasmas
e alimenta em mim a esperança.
Vem, ó Brisa suave e mansa,
ó Divino Espírito,
crepitante Chama
Fogo que queima!
Recria em mim a alegria,
liberta-me dos medos,
revigora meu ardor
e acende em mim o calor do teu amor.
Quebra grilhões e correntes
com teu fogo abrasador.
E que eu seja, enfim, teu reflexo,
ó Espírito de Amor.

Frei Pierino Orlandini