segunda-feira, 31 de maio de 2010
Sacrários
domingo, 30 de maio de 2010
Telha quebrada
Pela fresta da telha quebrada do teto
penetra de repente
um raio de sol resplandecente
vencendo,
prepotente,
a escuridão difusa e latente.
È força do sol salvador,
ação do brilho do raio purificador.
Telhas quebradas,
jogadas,
julgadas inúteis
são muitas.
Pelas telhas quebradas
passam rajadas de vento,
penetra a chuva
nem sempre fecunda.
Chuva fria que molha,
que dói e que causa dor.
Mas a chuva pode ser vida com o sol curador,
mesmo passando pela telha quebrada da casa,
passando pela fenda da dor.
Aí o sol infunde calor,
transforma essa dor,
o sol salvador,
passando pela telha quebrada da dor.
Chuva, sol, frio,dor, calor:
misteriosa mistura do amor,
que cria vida e frescor
em todas as cores confusas da vida e da dor.
Frei Pierino Orlandini
quinta-feira, 27 de maio de 2010
FESTA!
O homem saiu de casa,
esqueceu a chave
e o caminho de volta.
Renitente
em viver fora de si,
teimoso e insistente
em fugir do seu eixo
e de sua essência portante,
acomodou-se
em não ser ele mesmo
num temerário desconhecimento.
De fato, ele não se conhece!
Caminha a esmo,
permanentemente sem norte,
tristonho,
atrás, quem sabe, dum paraíso ilusório,
paraíso perdido.
No entanto, a vida é uma festa.
E o Pai espera com infinita paciência
a volta dos filhos.
Espreita de dentro e de fora da casa,
a casa paterna, a casa de todos .
Espera com ânsia
a hora do encontro e da festa.
E na casa do encontro, da vida e da festa
explode de repente
a música, a harmonia,
o canto e a alegria.
Quando “o filho perdido”
encontra a si mesmo,
e o caminho de volta e a razão do seu ser;
quando, confiante e humilde,
enfim aparece,
encontra no Pai o abraço afagante,
roupa nova, vida nova, banquete e o vinho da festa.
E o amor transbordante de sempre.
.E a festa se faz,
sacramentada pelo abraço do Pai e do filho
- filho antes perdido –
agora nos braços do Pai e na paz.
Frei Pierino Orlandini
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Cegos
Há cegos que querem ver,
“Senhor, que eu veja!”
E há cegos que não querem ver.
“Têm olhos e não vêem!”
Quem é cego?
E por causa duma certa cegueira
há pobres
que continuam às margens da estrada,
seres humanos feridos
pela pobreza,
machucados pela violência,
crucificados pela injustiça,
esquecidos pela doença,
simplesmente esquecidos
pela indiferença,
privados
dos mais elementares direitos.
Não somo todos “filhos da Luz
e filhos do Dia”,
do Reino da liberdade,
do amor e da paz e da harmonia,
do reino da fraternidade?
Talvez, já perdemos a visão
ou o secreto da contemplação.
E não temos mais a força
de implorar : Senhor, quero ver?
Ficamos escondidos
na sombra,
na ambigüidade de nossa rotina,
na noite de nossa cegueira,
sem perceber,
sem olhar,
sem ouvir,
sem falar
numa surda atitude inativa,
absurda.
Mas há Alguém que passa e nos diz:
O que queres que te faça?
Se admitíssemos nossa cegueira
e gritássemos do profundo da alma
nosso desejo de ver,
ouviríamos,
calma e segura e serena,
a voz de Jesus:
Quero que vejas!
E seguiríamos todos radiantes
a Luz.
Frei Pierino Orlandini
.
domingo, 23 de maio de 2010
CAMINHAMOS
Diz uma lenda chinesa que amizades verdadeiras são como árvores de raízes profundas: nenhuma tempestade consegue arrancar.
O verdadeiro amigo é o que nos faz melhores do que somos. A verdadeira amizade é aquela que o vento não leva e a distância não separa.
Os amigos que tens e cuja amizade já puseste à prova, prende-os à tua alma com ganchos de aço.
Frei Pierino Orlandini
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Atrás do amanhã
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Sal da terra
“Sal da terra!”
Ser,
ser sabor,
ser comida,
ser vida diluída,
multiplicada,
escondida.
Sal da terra!
Ser presença discreta,
quase perdida,
despercebida,
perdida no meio da massa,
presença gostosa na história.
Sal da terra!
Ser sabor,
alegrar,
anunciar, sem forçar,
sem ofuscar.
Ser eficaz, sem violentar.
Sal,
presença gostosa no meio da massa,
presença inserida no meio do povo.
Sal da terra!
Ser em missão,
força que age por dentro.
Sal,
“vida perdida”,
vida encontrada.
Sal,
presença que é gosto,
presença que é oferta,
presença que é pão,
presença que é Hóstia.
presença que é vida,
vida que é sal,
presença que é sal.
Sal da terra!
Vida humana doada,
vida que é Páscoa na terra.
Frei Pierino Orlandini
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Poeta
terça-feira, 18 de maio de 2010
Oração-projeto em ocasião dos meus 40 anos de Sacerdócio
Como sacerdote indigno de Jesus Cristo, Carmelita Descalço, há 40 anos ordenado por Paulo VI, em Roma e residindo no Brasil, minha terra de opção, há 39 anos, desejo ou, melhor, com a graça de Deus quero, hoje, mais do que ontem, que toda a minha vida seja propriedade de Cristo: Meu olhar, minhas mãos, minhas palavras, meu coração, minha mente, minha alma, tudo.
Meu olhar: que eu possa olhar e ver com condescendência, como Jesus olhava e via todos os seres humanos, em particular os mais pobres e necessitados de amor; e que seu amor resplandeça e se irradie através dos meus olhos sobre todos eles.
Minhas mãos: que eu possa abençoar como Ele abençoava e que sua bondade possa ser transmitida através das minhas mãos: absolvendo, celebrando, abraçando, levantando, sustentando.
Minhas palavras: que eu possa falar do jeito que Jesus falava, com a autoridade vinda da coerência e que sua compaixão possa ser transmitida através de minhas palavras, expressão de sua Palavra, acolhendo, encorajando, criando esperança, paz e harmonia.
Meu coração: que ele seja misericordioso como o coração de Jesus. E que eu seja transmissor do seu amor divino através do meu coração, com carinho e concretamente. Que seus sentimentos sejam meus sentimentos.
Minha mente: que eu possa ter os seus pensamentos de Jesus, seus interesses e preocupações e que eles possam ser transmitidos através de minha mente.
Minha alma: que eu possa louvar o Pai do Céu com minhas atitudes e minhas obras, como Ele sempre fez e isso possa ser percebido, sobretudo, pelos mais necessitados, seus preferidos.
Minha vida: que seja uma irradiação clara da luz de Cristo , de sua bondade e do seu amor. Que a vontade do Pai seja feita em minha vida e que ela se torne uma ação de graças constante, uma Eucaristia, continuidade do Mistério da fé, celebrado todos os dias. Que eu possa estar pronto, disponível para tudo o que Deus permitir, inclusive a passar para a eternidade,sereno, quando Ele quiser, entrando, assim, para a Vida plena com Ele; mas,, enquanto viver nesta terra, Jesus possa viver em mim e Ele possa perdoar através de mim.
Como Maria: que eu possa ser discípulo atento e missionário ardoroso, como ela foi, no silêncio da oração e na atividade apostólica.
Que seja, enfim, um bom sacerdote celebrando, anunciando o Reino de Jesus, construindo comunidades, sendo elo de união e amando, como o bom pastor, à semelhança do Bom Pastor.
Tudo isso peço a Deus, hoje, pelos méritos de Jesus Cristo, eterno e sumo Sacerdote, pela intercessão da Virgem Santíssima, Mãe do Carmelo e por obra do Espírito Santo. Amém.
São Paulo, 17 de maio de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
Silenciosa
Frei Pierino Orlandini, OCD
velante,
o nascimento de Deus em Belém.
Silenciosa aguardaste,
dolente,
sua morte na cruz.
Teu silêncio adorante
esperou o FILHO DO HOMEM
nascido de ti.
Teu silêncio orante
esperou o HOMEM-DEUS
crucificado por nós
e ressuscitado para nós.
Ensina-nos, ó Virgem Maria,
teu silêncio atuante.
Derrama sobre nós, ó Virgem,
teu silêncio amante.
Deus te fez assim...Rosa do seu jardim
- Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com minha rosa...
- Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
- Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... (Saint Exupéry)
Eu te inventaria assim,
como és, Rosa:
amorosa e carinhosa,
perfumada e generosa,
transparente, aveludada,
inteligente, delicada.
Uma “Rosa” esplendorosa!
Eu te inventaria assim,
como já és,
porque Deus-Sabedoria,
desde sempre assim te quis.
Como és também te quero, Rosa,
aurora cor de rosa.
Vejo em ti todas as rosas,
carregadas de beleza,
misteriosas,
enfeitando o meu jardim.
Rosas brancas, amarelas,
avermelhadas, aveludadas, perfumadas,
todas belas.
Rosa branca, imaculada,
como neve na montanha.
Rosa pura, transparente, efervescente
como águas cristalinas da nascente.
Rosa púrpura, vermelha,
cor de sangue,
cor de vida oferecida,
com amor sacrificada,
pelo Amor santificada,
no amor sempre vivida.
Rosa aveludada,
atenciosa, delicada,
toda-amante, pressurosa,
pelo Eterno preferida e por todos desejada.
Sempre viva, sempre rosa,
Rosa perfumada.
Com teu rosto, com tua alma,
Com teu gesto sempre terno,
sempre calma,
no jardim, onde tu andas, tu te tornas uma festa,
uma festa verdadeira,
uma eterna primavera.
Se já não fosses assim,
assim eu te inventaria,
com as cores delicadas e variadas
das rosas mais lindas e perfumadas do jardim,
com as virtudes eminentes de Maria,
“Rosa mística”, entre todas a mais linda,
a mais bela, “toda pulcra”,
a Rosa mais preciosa e mais pura do Jardim.
Frei Pierino Orlandini
VEM, SENHOR JESUS!
Nossa terra tão seca, rachada,
sedenta, cansada,
mas chamada a ser fértil,
rejeita esta veste tecida de monotonia
e tingida de esterilidade,
feita de esperas superficiais,
fecunda de ilusões...
Nossa terra espera por Ti, Jesus,
criador de desejos,
portador de mistérios,
realizador dos divinos desígnios
e dos humanos projetos.
Nossa terra clama por Ti, Jesus,
encarnação de paz,
de plena ternura,
de plenitude humana,
de liberdade divina e de libertação da história.
Vem, Senhor Jesus!
Vem nascer em nós,
náufragos na solidão orgulhosa
e renitentes no egoísmo que mata.
Vem trazer-nos alegria
e o amor que a todos contagia.
Vem infundir em nós,
no árduo caminho da dor,
a sabedoria da cruz
e, ainda, mais amor.
Vem gerar em nós,
vagueantes sem norte,
cansados viandantes
em busca de metas distantes e estéreis ideais,
vem gerar opções certas: sem vacilação,
e verdadeiras: sem ilusão.
Vem, Jesus,
e irradia em nós tua luz
e rompe com todas as dúvidas
que pairam no ar e no coração.
Vem nascer em nós, Jesus!
Nossa gruta te espera!
Nossa gruta, nosso coração
nossa vida, nossa terra,
nossa história.
Nossa gruta por vezes quente – obrigado, Senhor! –
por vezes fria – perdoa-nos, Senhor! –
às vezes estreita –liberta-nos, Senhor! –
às vezes luminosa, às vezes escura,
nossa gruta, nossa pobre “Belém” te espera.
Vem nascer em nós a cada instante, a cada hora.
Sem Ti, Jesus, é noite funda
e contigo em nossa vida,
è dia sem fim.
“Amém! Vem, Senhor Jesus!”
Frei Pierino Orlandini
Perfume derramado
Betânia!
E um banquete!
Maria em Betânia
e “uma mulher pecadora”em banquete
derramam perfume,
sob o olhar complacente do MESTRE.
Sente-se o cheiro de nardo precioso
derramado,
que se espande
pela doce violência cativante do amor
também derramado.
É o bálsamo que revigora as forças cansadas,
e faz renascer a dignidade perdida,
nunca deixada e sempre buscada.
Maria em Betânia e a “mulher” no banquete
rompem, num gesto gratuito e adorante,
os preconceitos de sempre
diante do olhar transparente e amante do Mestre.
As “marias-mulheres” possuem a coragem do grão de trigo
e emanam a fragrância do Pão.
Intimamente e publicamente,
envolvidas e ocupadas,
não preocupadas
livres no gesto puro de amor,
enterram de vez seu passado
e abrem-se à vida doada,
agora transfigurada.
Seu gesto envolvente, amor derramado,
é vida que cresce ,
é amor confirmado,
direcionado
e vai além das fronteiras.
Maria e a mulher do banquete,
Corajosas mulheres
pelo seu amor derramado,
são vasos refeitos, antes quebrados.
Nós criaturas
somos muito nada,
verdadeiros vasos de argila, furados, cisternas furadas;
e somos muito tudo,
vasos perfumados, nardos preciosos, filhos de Deus.
Somos humanos, pequenos e divinos,
pequenas gotas no imenso OUTRO,
OCEANO INFINITO DE AMOR.
Somos “outros” no “OUTRO”,
odres velhos e vinho novo.
Somos perfume, aroma precioso aos olhos de Deus,
vida nova, amor difundido.
Olhando nos olhos do Mestre,
lavemos os pés uns dos outros.
O olhar de Jesus nos acolhe,
Pois conhece os secretos do amor.
Não paremos!
Criemos raízes profundas de vida
ganhando campo,
crescendo na vida,
jogando sementes e flores
espalhando verde-esperança abundante,
florindo,
multiplicando
pão e frutos do Amor.
Sentemos à mesa do Mestre,
partilhando as luzes e o sustento,
servindo à mesa de todos,
aprendendo com Ele a essencial lição do Amor.
Contemplemos em Betânia e na casa de Simão
o amor centrado no Mestre,
por Ele acolhido e,
porque frasco de puro perfume,
gasto sem preço,
gesto de super-abundância de amor,
por si só,
por sua força interior,
como tal,
difundido.
“ Maria, tomando uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-os com os cabelos; e a casa encheu-se com o cheiro do perfume” (Jô,12, 7).
“Um fariseu convidou Jesus a comer com ele...Apareceu, então, uma mulher da cidade, uma pecadora. Sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. E ficando por detrás, aos pés dele, chorava e com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, a enxugá-los com os cabelos, a cobri-los de beijos e a ungi-los com perfume”(Lc 7, 36-38).
Frei Pierino Orlandini
A PALAVRA
“A espada do Espírito, isto é, a Palavra de Deus, permaneça com toda a sua riqueza em vossos lábios e em vossos corações. E tudo aquilo que deveis fazer, que seja de acordo com a Palavra do Senhor” (Regra dos Carmelitas Descalços – Texto aprovado por Inocêncio IV, 1247)
A PALAVRA, não só palavras.
Palavras são idéias, sentimentos,
verdades, posturas,
mentiras, pontes, abismos...
Depende! Há PALAVRAS e palavras!
O Criador usou a PALAVRA.
ELE disse e tudo se fez.
E do nada surgiu
o universo....águas, plantas, animais, dia, noite, estrelas...
e “Adão-Eva”, ápice dos viventes e do universo.
“Façamos!”.
Deus fez tudo com um simples: “Façamos!”.
Deus fez! A Palavra fez!
Na plenitude dos tempos
“A PALAVRA se fez carne
e habitou entre nós”.
Maria, virgem e simples mulher,
acolheu a proposta de Deus
e deu por todos sua corajosa resposta.
Assim, se fez carne o Filho de Deus.
Eis a misteriosa resposta de Deus!
A VIRGEM deu carne ao MISTÉRIO.
Acolheu a Palavra.
Nossas palavras também são mistério.
Criam pontes,
rompem distâncias,
destroem abismos,
alcançam horizontes longínquos,
verificam promessas
,cultivam desejos,
estimulam a esperança.
Há palavras que geram vida,
palavras encarnadas,
concretizadas no amor,
palavras pacíficas, construtoras de paz.
Palavras que são obras do Espírito,
que tocam os corações
como brisa leve e suave,
como carícias estimulantes
objetivando o amor.
São palavras ligadas à PALAVRA
E há palavras que ferem,
letais.
Palavras que sujam ou matam
irreparavelmente
a esplêndida imagem de Deus no irmão.
Há palavras vazias,
palavras que voam,
que iludem.
palavras silenciadas,
caladas.
Palavras negadas.
Palavras omissas.
São palavras desligadas da PALAVRA.
Somente palavras...!
No chão da existência
é urgente
semear a PALAVRA, com palavras que contam.
Por isso nossas palavras, exclusivamente passageiras palavras,
não bastam.
Bastam, quando ancoradas
á “PALAVRA ETERNA que se fez carne
E habitou entre nós”.
Que eu seja, enfim, palavra clara e transparente, ressonância fiel da Única Palavra, Cristo Jesus. Palavra que seja vida, que seja ação, contemplação, felicidade e transformação. Palavra encarnada para todos, sem exceção.
Frei Pierino Orlandini
Amigos
Amigos são flores raras
que rego carinhosamente
e abraço fortemente,
necessariamente.
Amo-os com liberdade,
incondicionalmente.
Amigos são pérolas preciosas
que guardo ciosamente,
estreitando-as no peito,
religiosamente,
alegremente.
Amigos não se compram
nem se vendem.
Cultivam-se no terreno quente
e fértil
que é o coração da gente,
delicadamente.
Amigos são presentes
que Deus nos oferece
misteriosamente
e em tudo estão presentes
gratuitamente,
silenciosamente,
amorosamente.
Pierino Orlandini
Amizade, uma melodia
Há, incontestável, uma melodia
suave e sonora,
amigo-amiga,
que se reflete no teu olhar.
É melodia que brilha.
E eu a escuto, a vejo, a sinto,
a interpreto, compreendo e canto.
Há uma música suave,
inefável,
misteriosa e encantadora,
em teu profundo olhar,
em teu risonho,
alegre,
preocupado,
ansioso,
mas esperançoso olhar,
em teu simples olhar.
E ele, teu olhar, toca minha vida
como uma magia
com poder criador,
sempre renovador,
revelador.
E em perfeita sintonia
com meu perscrutante olhar
cria harmonia,
suave sinfonia,
doce e sonora melodia.
Vibra, então, nosso olhar
com as notas que se amam
compostas livremente,
sabiamente pelo Criador
e tocadas pelo amor.
Meu amigo, minha amiga
tu és música que escuto,
sinto,
vejo...
toco com gosto e canto.
Contigo me encontro e, no encontro,
louvo o Criador do encontro.
Os amigos são música na vida, são flores que alegram nosso olhar: flores que é preciso regar, cuidar conforme às necessidades. Abraçamos os amigos, os acolhemos, os respeitamos dentro da liberdade que nos é própria, amamo-os incondicionalmente, gratuitamente. São jóias raras que não podem ser compradas no mercado, porque não tem preço, mas se acham com a sensibilidade dum coração que ama, porque Deus, que é Amor e Criador, os colocou em nossa vida.
Frei Pierino Orlandini
Viva plenamente
Sempre gratuitamente.
Frei Pierino Orlandini