domingo, 1 de agosto de 2010

VOAR



Ó BELEZA Infinita,
sempre clara e sempre viva,
sem limites, nem circunscrita,
sempre antiga e sempre nova,
sempre outra!
Ultrapasso os espaços
ao sopro do Vento,
voando
nas asas do Espírito,
transpondo limites.
Esta Imensa Beleza,
cativante Beleza sem fim,cria em mim asas:
Invisíveis, misteriosas asas...
que quebram barreiras,
rasgam os medos,
sem calcular precipícios,
num vôo livre e audacioso e impossível.
Mas nada é impossível!...-
E, assim, a Eternidade faz-se presente no tempo,
no espaço tão angusto, tão breve da história
do ser tão limitado!
“Olhos ao Alto e voe ! E, do Alto, perscrute!”
- eu sinto, eu escuto -.
Embaixo,
além e fora de si,
os homens circulam, caminham, labutam...
em busca do Outro.
E o Outro, absolutamente Outro,
Majestade Infinita, o Altíssimo,
“Deus-Conosco”, feito carne, -quem diria?-
vive nos outros: pequenos, carentes,
famintos,sedentos, abandonados, desfigurados,
deixados à margem, deixados de lado, jogados...
e nos outros se esconde.
Assim, simplesmente, misteriosamente,
como no Sacramento,
Cristo vivo neles se torna presente.
Neles – ó difícil Beleza escondida e presente de sempre! -
está o precipício que é preciso transpor.
Só é possível esse vôo,
vôo livre, voando,
carregados pelas asas do Amor.


“Existir hoje é deixar-se guiar pela Beleza, mesmo quando o guiará na orla do precipício e, embora ela tenha asas e você não e ela ultrapassará o precipício ,siga-a, porque onde não existe Beleza, nada existe” (Kahlil Gibran)

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