segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DISTÂNCIA

Distância,

separação,

dura realidade

que mexe nas dobra mais fundas do coração,

semeando nuvens

carregadas de espera,

tingidas de saudade doída!

E o tempo que para

-demorada parada no tempo!-

interrompe o ritmo doce da vida,

e quente harmonia da união

projetos e alegrias.

Distância,

um “nós” dividido,

um bloco partido,

mesmo que por instantes partido.

Mas como são longos

os instantes do “nós” dividido!

Distância

é nostálgica espera

do “eu” distante, tão longe,

a imagem do “tu” tão distante,

hetérea imagem

que foge dos olhos

e volta

e tange as cordas sonoras do coração,

em ritmo de saudade.

Terminará a espera

e as nuvens da noite

deixarão, ao céu estrelado, lugar;

pensadas serão as feridas

e os silêncios, sonoros.

Que voe este tempo!

Que me leve em suas asas, fora do tempo!

Que me leve no espaço que eu quero!

Um dia terminará a noite,

quando de novo oferecer-me-ás teus olhos,

portas abertas de teus secretos mistérios,

e tu, suavemente,

penetrará nos segredos

de minha alma em festa.


Pierino Orlandini

.

Um comentário:

  1. Seu poema trouxe-me muita angustia... Distância!...Hoje sequer existem amigos com quem dividir esse momento, com quem dividir a tristeza, a saudade, com quem falar das dúvidas e perguntas sem fim. Não há como preencher esse vazio tão intenso deixado por quem se foi e por tudo em que se acreditou; os planos feitos, os novos sonhos que jamais serão realizados. Tudo isso acabou! Acabou o “nós” e é preciso de novo voltar a ser “eu”. Não há mais a “nossa” casa e sim, a “minha” casa. Não há mais as ligações diárias, os momentos de prazer, as preocupações divididas. Tudo agora deverá ser feito só.
    A certeza de ter alguém que se preocupa conosco, que nos ama, que nos espera, nos dá, muitas vezes, a segurança para continuar mais um dia. De repente, tudo acaba e fica apenas uma certeza: estou sozinha! Nesse momento, resta um consolo: lembrar apenas de tudo que houve de bom, dos momentos de alegria...e acreditar na “Eternidade”. A fé na misericórdia de Deus nos molda, segundo o Amor de Deus. O que a misericórdia semeia, a comunhão e a amizade cultivam e levam à plenitude: fazem com que os corações se encontrem e caminhem juntos para o Senhor, a fim de gozarem juntos da comunhão com Deus e da divinização daqueles que se amam.

    ResponderExcluir