sexta-feira, 3 de setembro de 2010

“A quem iremos?”



“Senhor, a quem iremos nós? Só Tu tens palavras de vida eterna” ( Jo 6, 68).

Faze Senhor, que sejamos palavras vivas, encarnadas. E que saibamos escutar-te num profundo e contemplante silencio, a Ti, Palavra Encarnada, Palavra de Vida, Palavra de Salvação: pois tu és o Verbo, Tu és a Vida, Tu és a Salvação.
“Uma só Palavra disse o Pai, que é seu filho, e a diz em eterno silêncio, e em silêncio deve ser ouvida pela alma” (S. João da cruz, D. 98).
Que saibamos Senhor, escutar-te em profundidade, mergulhados em ti e esquecidos de nós; e que saibamos acolher-te com coração aberto e dócil; e seguir teus passos com fidelidade e constância, mesmo quando nos levam a subir a rude encosta do Calvário, carregados com nossa cruz, que é a tua cruz. Mesmo nas noites escuras da dor e da morte, acreditamos que Tu, somente Tu tens palavras de vida, porque Tu, Jesus, és a Ressurreição e Vida plena.
E permanece conosco, Senhor. Permanece em nós e faze que permaneçamos em Ti. E que esta permanência íntima e recíproca seja uma antecipação, de alguma maneira, do céu na terra.
Alimenta Senhor, este desejo, com o pão da tua Palavra e com o Pão do teu Corpo. Dá-nos fome, Senhor, muita fome do teu pão, de tua palavra, de tudo o que é teu; uma fome insaciável de Ti. Que não se esgote em nós, nesta vida, esta fome. Que se apague esta fome apenas na união plena contigo, na eternidade.
Dá-nos sempre do teu pão Senhor, a fim de não procurarmos somente “migalhas que caem da tua mesa”, pois só Tu podes saciar-nos por completo. Só Tu tens Palavras de Vida eterna. Aonde iremos nós?


Como é importante em nossa vida a escuta da Palavra de Deus e a busca constante e insaciável daquele que se fez Palavra Encarnada! Que essa palavra abundantemente oferecida pela Liturgia, transforme nossa vida e nos transforme em seguidores entusiasmados e corajosos de Jesus de Nazaré.
Nós gastamos energias preciosas atrás de palavras enganadoras e vazias e, ainda, pronunciamos “de montão” palavras que permanecem palavras e se perdem no espaço e nos deixam vazios; palavras que não saciam; palavras que voam e criam em nós ilusões e encobrem nossa verdade, deixando-nos num plano de superficialidade; palavras não encarnadas, fúteis, sem fundo nem consistência, como cisternas furadas; palavras que nascem e que morrem; palavras, somente palavras.



Frei Pierino Orlandini

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