sábado, 11 de setembro de 2010

O ROCHEDO


Dai-me, Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço” (Gabriela Mistral).

Batem as ondas

no majestoso ROCHEDO

às vezes furiosas, às vezes tranqüilas,

sempre, sempre insistentes.

Não recusa o rochedo

o beijo quente e espumoso das ondas,

o férvido abraço das ondas

acalentadas pelo sol,

embaladas pelo vento.

É acolhedor o rochedo.

Não rejeita tampouco o rochedo

a prepotência veemente

a corrida barulhenta e raivosa,

a agressão confusa e violenta das ondas.

Fica imóvel o rochedo.

Penso na ROCHA,

no vaivém diferente de nossa existência,

na consistência da Rocha,

na inconsistência das ondas,

na volta das ondas ao mar, volta pacífica e calma.

Penso nas ondas, na vida,

no mar, no Rochedo que salva,

na luta, na paz.

É fiel o Rochedo

que promove o encontro tranqüilo

das ondas do mar!

Frei Pierino Orlandini

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

“A quem iremos?”



“Senhor, a quem iremos nós? Só Tu tens palavras de vida eterna” ( Jo 6, 68).

Faze Senhor, que sejamos palavras vivas, encarnadas. E que saibamos escutar-te num profundo e contemplante silencio, a Ti, Palavra Encarnada, Palavra de Vida, Palavra de Salvação: pois tu és o Verbo, Tu és a Vida, Tu és a Salvação.
“Uma só Palavra disse o Pai, que é seu filho, e a diz em eterno silêncio, e em silêncio deve ser ouvida pela alma” (S. João da cruz, D. 98).
Que saibamos Senhor, escutar-te em profundidade, mergulhados em ti e esquecidos de nós; e que saibamos acolher-te com coração aberto e dócil; e seguir teus passos com fidelidade e constância, mesmo quando nos levam a subir a rude encosta do Calvário, carregados com nossa cruz, que é a tua cruz. Mesmo nas noites escuras da dor e da morte, acreditamos que Tu, somente Tu tens palavras de vida, porque Tu, Jesus, és a Ressurreição e Vida plena.
E permanece conosco, Senhor. Permanece em nós e faze que permaneçamos em Ti. E que esta permanência íntima e recíproca seja uma antecipação, de alguma maneira, do céu na terra.
Alimenta Senhor, este desejo, com o pão da tua Palavra e com o Pão do teu Corpo. Dá-nos fome, Senhor, muita fome do teu pão, de tua palavra, de tudo o que é teu; uma fome insaciável de Ti. Que não se esgote em nós, nesta vida, esta fome. Que se apague esta fome apenas na união plena contigo, na eternidade.
Dá-nos sempre do teu pão Senhor, a fim de não procurarmos somente “migalhas que caem da tua mesa”, pois só Tu podes saciar-nos por completo. Só Tu tens Palavras de Vida eterna. Aonde iremos nós?


Como é importante em nossa vida a escuta da Palavra de Deus e a busca constante e insaciável daquele que se fez Palavra Encarnada! Que essa palavra abundantemente oferecida pela Liturgia, transforme nossa vida e nos transforme em seguidores entusiasmados e corajosos de Jesus de Nazaré.
Nós gastamos energias preciosas atrás de palavras enganadoras e vazias e, ainda, pronunciamos “de montão” palavras que permanecem palavras e se perdem no espaço e nos deixam vazios; palavras que não saciam; palavras que voam e criam em nós ilusões e encobrem nossa verdade, deixando-nos num plano de superficialidade; palavras não encarnadas, fúteis, sem fundo nem consistência, como cisternas furadas; palavras que nascem e que morrem; palavras, somente palavras.



Frei Pierino Orlandini

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aqui estou, Senhor!




Aqui estou, ao teu dispor, Senhor!
eu,
minha vida,
meu espaço,
minha história,
meus anos, meses, dias,
minhas horas,
todo instante,
tudo o que sou,
tudo o que tenho.
Tudo é teu,
Senhor da vida,
Senhor da história.

Aqui estou Senhor,
no sempre dos meus limites
e no eterno de tua vontade,
contemplando teu projeto insondável,
teu mistério inefável
e as dimensões sem confins
do teu amor sem fim,
do teu amor por mim
em permanente fascinação,
em contemplação de tua imensidão
- Tu, Deus, és o IMENSO! –
agora presença humanizada
e permanência humano-divina
sacramentalizada
entre nós pecadores.

Ofereço-te, Senhor, um coração agradecido
e uma vontade feita de um amém cotidiano,
seguindo teus passos
até o holocausto da cruz no monte Calvário,
carregando a cruz de todos os dias.

Que seja minha vida um “SIM” sem reservas
feito de canto, de silêncio e de amor,
na espera da alegria e da vida sem fim,
sem angústias e sem dor.

Ó Maria, morada de Deus,
morada do Pão,
meu sustento nos caminhos da vida,
que eu seja também
terra virgem e fecunda
para o germinar de espigas que nutrem o universo.
Que minha vida, gerada por Deus Criador,
refeita por Jesus Redentor
irradie, pela força do Santificador,
no universo dos homens famintos,
a luz fulgurante do amor.
E ofereça à humanidade faminta de sempre
o Pão da vida sem fim,
que desceu do Céu e quis
permanecer para sempre entre nós.



Frei Pierino Orlandini